Há jogos que tentam ser tudo para todos, e há jogos como Best Served Cold, que abraçam sua identidade peculiar sem medo. Ele mistura elementos de visual novel, dating sim e investigação criminal de um jeito que, em teoria, não deveria funcionar tão bem – mas funciona. A sensação é a de ler um daqueles livros de mistério aconchegantes, tipo os da famosa e excelente escritora Agatha Christie, onde o prazer está mais nos personagens e no clima do que em reviravoltas espetaculares.
Você assume o papel de um bartender sem nome em Bukovie, um país fictício mergulhado na Lei Seca e à beira da guerra. O jogo não se preocupa em explicar cada detalhe do mundo, mas ele respira – a mistura de estética vintage com mentalidades modernas e cria um cenário que parece vivo, mesmo que a maior parte da ação se passe dentro de um único speakeasy escondido.
E que speakeasy. The Nightcap é onde a magia acontece: um bar ilegal cheio de figuras intrigantes, desde aristocratas até criminosos, cada um com segredos, opiniões e, claro, um drink favorito. A mecânica central é simples: você serve bebidas, puxa conversa e, aos poucos, desvenda histórias enquanto investiga assassinatos. Parece bobo, mas há uma profundidade surpreendente aqui.
O jogo te dá duas semanas (em dias de jogo) para resolver cada caso. Você coleta pistas, conversa com suspeitos e tenta montar um quebra-cabeça de motivos e oportunidades. O sistema de “afinidade” é genial – quanto mais um personagem gosta de você, mais ele revela. E não é só sobre escolher as respostas certas: às vezes, você precisa servir um drink mal feito pra deixar alguém irritado e fazer a língua soltar.
Os personagens são o coração do jogo. Eles voltam caso após caso, desenvolvendo relacionamentos entre si de formas que parecem genuínas. Temos desde romances fofos até rivalidades cheias de tensão, e é impossível não se apegar. Em certo momento, eu estava tão investido num certo casal que quase gritei quando finalmente deram certo.
Mas nem tudo são flores. O jogo tem suas limitações – e ele as assume. A trilha sonora, embora atmosférica, é repetitiva depois de horas. Os casos, por vezes, terminam de forma abrupta, sem aquela cena satisfatória de desfecho (imagina resolver um caso no Ace Attorney e não ver o culpado se contorcendo no tribunal). E, embora a investigação seja divertida, alguns puzzles de lógica podem ser frustrantes, exigindo combinações muito específicas de pistas para avançar.
Best Served Cold nos conquistou. Ele não é sobre salvar o mundo ou desvendar conspirações gigantescas – é sobre pessoas, seus segredos e como um bartender pode, sem querer, se tornar o centro de tudo. Se você curte narrativas cheias de personalidade e não se importa com um ritmo mais lento, vale cada minuto.
Se você quiser adentrar a história como se fosse um livro desvendando crimes, como o citado, esse jogo é perfeito pra você passar horas!
E agradecemos a produtora por nos enviar a chave do acesso antecipado.